Prejuízos
Por: Lívia Lira
A internet, para muitos, é considerada uma terra sem lei, por isso, várias pessoas acabam cometendo diversos crimes nas redes sociais. As vítimas, em muito dos casos, não sabem como recorrer e nem como agir. As autoridades, por sua vez, não possuem estrutura o bastante para se dedicar completamente aos casos e acabam não tendo muitos recursos para completar a investigação.
Como exemplo, temos a história da estudante de publicidade e propaganda, Laura Alcântara, de 22 anos, que foi vítima de um golpe no Mercado Livre. Ela conta que fez o anúncio de um notebook e logo recebeu diversos comentários de um menino sobre o produto. O golpista pediu para que a vítima entrasse em contato com ele através do e-mail para que pudessem fechar negócio.
Vários e-mails foram trocados entre o estelionatário e Laura. Ele fez perguntas sobre o notebook que envolviam questões de configuração, valores e envio do objeto. Laura conta que alguns dias depois ela recebeu e-mails, que supostamente eram do Mercado Livre informando que o produto havia sido vendido, explicando o procedimento que ela havia que tomar. Só que os e-mails não eram do Mercado Livre e sim do criminoso. A entrega do produto ainda foi realizada via sedex para que o objeto pudesse chegar mais rápido ao comprador. Os dias se passaram e Laura ainda não havia recebido o valor acordado pelo Mercado Livre.
Depois da demora, Laura decidiu entrar em contato com o Mercado Livre,que a informou que a mesma havia sofrido um golpe. Ela informa que “Nunca esperava passar por um crime na internet, tanto que fui muito ingênua com toda a situação. Você acha que nunca vai acontecer com você”.
Segundo a vítima, o Mercado Livre passou a informação de que ela, em momento algum, deveria ter saído do site para formalizar a compra. Todo o processo acontece dentro do site da empresa.
Logo após descobrir que havia passado por um golpe, Laura decidiu ir à delegacia para denunciar o caso,pois, além do objeto, ela também havia fornecido seus dados pessoais nos e-mails trocados.
É importante destacar que só no ano de 2017, 62 milhões de brasileiros sofreram algum tipo de ataque cibernético. Os dados são da Norton Symantec, uma empresa que trabalha com soluções de segurança na internet. A divulgação da pesquisa diz que entre os golpes mais comuns estão o roubo de dados pessoais, como senhas, números de cartão de crédito ou documentos e fraudes no comércio online. Por isso, é sempre bom checar o meio pelo qual a compra está sendo realizada, negociada.
Outra vítima que passou por um golpe através de vendas online foi a profissional de marketing Leide Sousa. O episódio se repete: ela anunciou o seu celular no Mercado Livre e recebeu diversos comentários no produto pedindo que a mesma entrasse em contato com o possível comprador através do e-mail. A jovem diz que antes de anunciar no Mercado Livre, havia pedido informações de amigos sobre questões de segurança que deveria tomar, porém, os informes não foram suficientes e Leide Laura acabou se tornando mais uma vítima de golpe na internet.
A ONG Safernet, no ano de 2017, recebeu cerca de 68 denúncias relacionadas a fraudes, golpes e e-mails falsos. Isso sem contabilizar os casos que acontecem e que, infelizmente, não são denunciados e colocados nas estatísticas.
A profissional de marketing diz que acertou as questões da compra e logo em seguida, recebeu um e-mail dizendo que o processo havia sido finalizado. Segundo ela, tudo muito profissional e sem possíveis pistas para acabar percebendo que se tratava de golpe. “Os e-mails eram muito convincentes. Cheguei a procurar e-mails originais e eram idênticos. Mudava somente a descrição de quem havia comprado”, completa.
Leide Sousa começou a perguntar sobre as questões do envio do valor do objeto, mas não obteve mais respostas e nem sinais do comprador. Foi aí que ela percebeu que havia se tornado mais uma vítima de golpe na internet.
Print do e-mail trocado entre Laura e o estelionatário.
Print do e-mail trocado entre Laura e o estelionatário.
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